Primavera das Liberdades

Aromas, Sussurrares, Lantejolas, Marionetas, Curvo, Respeito, Volátil, Surrupiar, Voar, Amar e Ser Imperfeito... Tudo o quanto posso... Tudo o quanto devo...

Wednesday, July 19, 2006

Privé II

Raio do homem! Quer tudo para Ontem!
Paciência para si! nanananananan!

Chuva Colorida




Não preciso ir mais longe...
Ontem senti-me de alguma forma e algures em África...
Chuvia...
Uma chuva de água quente.
A terra, ultimamente, tem estado demasiado quente. No ar há um cheiro insanável.
Mas aquela chuva...fez-me deixar por escassos momentos Portugal, e ir em busca de novas rotas...destino: talvez Luanda. Nunca estive lá. Mas parece que já passei por lá, pelo menos em sonhos. São as descrições, as sensações, a expressão do olhar das próprias pessoas, que me fazem ter vontades de cheirar, de saborear, de ouvir todo aquele Mundo!
Continuava a chover...ping, ping, ping...
Apeteceu-me cortar com as amarras, e ser tocada pela chuva...mas a sociedade voltou-me a impedir...Então, fiquei calada e restou-me contemplar o festival do tempo.
Soube-me Bem!

Floreado de Retrete






Por detrás de um balcão, vejo a vida pela margem mais externa.
Um senhor entra e diz:
- Oh vizinha, ( se há coisa que não sou é sua vizinha, pensei eu), posso ir ali ao escritório fazer uma primeira apresentação?
(Para quem não entendeu, o sujeito referia-se á casa de banho)
"Fazer uma primeira apresentação?", mas será que o senhor está a pensar fazer as outras "apresentacões" no mesmo café. E depois, acho que este tipo de apresentações não são bonitas de se ver, nem se aprende nada. É caso para dizer, e desculpem-me o termo, que "cagada" de Palestra.
Confesso, que ouvir isso, fez-me cóceguinhas no estômago.
Só me restou dizer:
- Força! (Mas não muita!)

Voz de Anjo

Naquela tarde, o cansaço apoderou-se de mim. Cada passo que dava era um sacrilégio, sentia o peso não da idade, mas o peso do coração.
Estava, agora, rodeada de duas crianças. Ambas lutavam pela custódia do meu colo, do meu carinho. Eu não querendo negligenciar a partilha de afectos, sentei-as cada uma numa perna.
Desfolhámos uma revista...e no entretento, Mariana apontou para um jogador da selecção com origens Africanas e disse:
- Detesto os pretos! Não gosto nada deles! Bhééé!
Olhei para os seus olhos, e vi um negrume, uma escuridão, que parece não ser passageira...(eu imagino porquê).
Mas Catarina respondeu:
- Ó Mariana, eles não são pretos, são castanhos. E tu já viste de que côr é o teu cabelo? É castanho não é? Então se calhar também não gostas do teu cabelo.
Fiquei estupefacta!
(Mariana tem 4 anos e Catarina 7 anos)
Naquela pequenez grandiosa de criança vi uma inocência lúcida.
Continuei cansada é certo, mas com um sorriso nos lábios.
Ouvi pela boca de uma criança um pouco de esperança!

Monday, July 17, 2006

Apanha se Conseguires...

Deixo uma questão no ar, quem saltar mais alto pode ficar com ela. Mas consegues apanha-la?

Serão as armas corajosas ou cobardes?

O facto de uma arma ser utilizada pela mão do Homem, e no final da sequela quem é necessáriamente mais noticioso é o nome do respectivo utilizador e só para o fim é o tipo de arma utilizada. Chega a ser injusto, meus senhores, é preciso ser dono de muita coragem para sofrer tal humilhação.

Ou cobarde?
Por matar tanta gente, e se esconder atrás de um nome...


Aguardem-me pelo o Outono das Liberdades, deverei ter melhores dias, como quem diz, melhores apontamentos.

Beijo pequenininnho

O Ingurgitar de Palavras

Palavras cruéis,
Palavras infiéis ao lustro de um sorriso.

Que lapidificam qualquer forma de amor, amizade, qualquer laço.
Laços fortificantes, mas que quando acordados pela mácula, tornam-se laços ténues.
Palavras que ferem,
Palavras que se escondem por detrás de gestos de escárnio.
E voltam a ferir...
Palavras que não são só minhas ou tuas...
mas de toda uma multidão, que as compra e vende no mercado negro. Onde soberanos sobordinam os escravos, que mendigam por um pouco de bondade e compreenção.
Cujo o coração da alma fica em cacos ao som de:

Palavras crueis,
Palavras infiéis ao lustro de um sorriso.

"NA ROUPA LAVADA FICOU A MÁGOA"-----) não quero sentir isso.

Quero Ouvir

Uma Salva de Palmas para aqueles que são "Pão pão, Queijo queijo".


Eu também gosto de comer sempre dois pães com as respectivas fatias de queijo!

Memórias Silênciadas

Aos olhos de uma criança não há nada mais enternecedor, que olhar para o mundo com vontades mil de o explorar, de o conhecer, aprender e saborear cada novo momento. É o ciclo natural da vida. Mas...e quando tudo já está previsivelmente estruturado, e de repente somos como peças do legos trabalhadas e que no instante a seguir caem uma por uma, até chegar ao nada, ao vazio.
Pouco a pouco esquece-se de quem se é, do que se fez, do que se faz e consequentemente do que se fará. As pessoas que dormem ao nosso lado, são agora hóspedes estranhos, sem rosto, sem história...
Aquela rua, aquele gesto, aquelo sorriso, palavras, serão sempre únicas mas inexistentes, sem um passado ou presente coerente.
Tudo é desconhecido, tudo é o princípio e sempre com o mesmo sabor...a debilidade.
Este, é o retrato das manifestações da doença de Alzheimer.
Contou-me aquele senhor, o companheiro de uma vida... Vi no seu rosto a mágoa, a tristeza, o desamparo...as lágrimas de um homem que não chora. Vi-o. O tempo para eles parece, agora, dual, por um lado egrégio, por outro funesto...
As recordações de um, são o olvidar do outro...

São várias as vezes, que desejamos ferverosamente, abandonar memórias que foram a história das nossas desiluções, das nossas amarguras, e que fizeram ferida por falta de desinfecção e atordoam-nos com dores...
Reflectir sobre aquilo que foi dito anteriormente, faz me repensar sobre se quero ou não esquecer os momentos menos bons. Eles já fazem parte de mim, são a minha vida também.

Em caso, que querem procurar ajuda para poderem lidar com pessoas com a doença de Alzheimer, existe uma associação pronta ajudá-los: APFADA- Associação Portuguesa de Família e Amigos Doentes Alzheimer.

Não são só os doentes que sofrem, as pessoas que lhe são queridas também precisam de apoio.

Abraço.

Monday, July 10, 2006

Ver a Vida pelos Quadradinhos





Vamos mas é trabalhar...

Complicado.
Frustante.
Angustiante.
Stressante.
Degolador.

Podia estar horas afio a descrever o quanto é desagradável, estar desempregado...

Começemos de inicio:

- Procura neste site, talvez possas abrir uma nova porta ou janela:

www.netemprego.gov.pt

Nada de desistir...

Privé

Virei-me para ele com alento e disse:
- Sabes, gosto mesmo desta música. Gosto mesmo.
Ao que me respondeu, prontamente:
- Ai é? Então guarda-a no bolso!


E eu guardei-a no bolso e no coração.
Quanto a ele, ou melhor só metade dele guardo-o no coração.

Calamidade

Ávidos e perdidos, na terra dos bandidos,
saquearam, espeziaram e mataram os rendidos.
Por um resto de força, por um resto de fé,
lutaram, mas foram vencidos...
Um último pedido, mergulhado num lamento sofrido,
foi negado pelos governantes, sedentos de um falso heroísmo,
que fizeram dos seus corpos, lastros de um navio naufragado.
É tudo isto e muito mais, que fica por contar aos olhos de quem
embateu contra as rochas
e chegou ao último cais.

Tuesday, July 04, 2006

Recitado por ti

Foi naquela relva mais verde que a minha esperânça, que te ouvi a recitar uma estrofe daquele poema de Almeida Garrett, das Folhas Caídas. Já me tinhas encantado outrora, mas aquele momento lembro-me como se fosse hoje. A Ti:

O Anjo Caído

Era um anjo de Deus
Que se perdera dos Céus
E terra a terra voava.
A seta que lhe acertava
Partira de arco traídor,
Porque as penas que levava
Não era penas de amor.

O anjo caiu ferido
E se viu aos pés rendido
Do tirano caçador.
De asa morta e sem ´splendor
O triste, peregrinando
Por estes vales de dor,
Andou gemendo e chorando.

Vi-o eu, o anjo dos Céus,
O abandonado de Deus,
Viu-o, nessa tropelia
Que o mundo chama alegria,
Viu-o a taça do prazer
Pôr ao lábio que tremia
E só lágrimas beber.

Ninguém mais na terra o via,
Era só eu que o conhecia...
Eu que já não posso amar!
Quem no havia de salvar?
Eu, que numa sepultura
Me fora vivo enterrar?
Loucura! ai, cega loucura!

Mas entre os anjos dos Céus
Faltava um anjo ao seu Deus;
E remi-lo e resgatá-lo
Daquela infâmia salvá-lo
Só força de amor podia.
Quem desse amor há-de amá-lo,
Se ninguém o conhecia?

Eu só. - E eu morto, eu descrido,
Eu tive o arrojo atrevido
De amar um anjo sem luz.
Cravei-a eu nessa cruz
Minha alma que renascia,
Que toda em sua alma pus.
E o meu ser se dividia,

Porque ela outra alma não tinha,
Outra alma senão a minha...
Tarde, ai!, tarde o conheci,
Porque eu o meu ser perdi,
E ele à vida não volveu...
Mas da morte que eu morri
Também o infeliz morreu

Monday, July 03, 2006

Histórias Encantadas

- Eu vivi no tempo em que as árvores falavam, no tempo em que as florestas eram encantadas. E eu sorria, e eu sonhava...



- Mas eu também chorava com as dores dos animais falantes. As suas dores eram as minhas dores.



- E cantava as mais belas músicas. Havia um mar por encontrar...



- E o AMOR entre aqueles, que aos olhos dos outros parece impossivel, feio, inadquado, é o AMOR que se torna são, forte, verdadeiro.

Um género de bicho

Dispenso uma parte da minha vida, particularmente, uma parte da minha vida no Verão, a trabalhar num café de bairro. (Imaginem um café de bairro, realço, "café de bairro", também posso soletrar..., mas não!).
Um café de bairro, é composto por diferentes personagens, os bêbedos, as cuscas, as putas, os drogados, os líderes, os sexy machines e os cafés concorrentes...( somos todos felizes, muito amigos uns dos outros, muito sorridentes...-CORTA-...até virarmos as costas e...-PUM, CATRAPUM-...cai o Adro e a Trindade!) Enfim, o normal!
Realmente, no café entra todo o tipo de pessoas...e de bichos, mas nos últimos tempos, chego a ter uma certa dificuldade em distinguir os bichos das pessoas e virce versa.
Apesar do trabalho e das chatices, que veêm na bagagem de um café, este também é um autêntico laboratório, em melhor, em contexto natural. O que faz com que os comportamentos observados não sejam totalmente artificiais, relembre-se que eu disse, não totalmente...
Um caso que tenho visto, é de uma pessoa ou bicho que chega ao establecimento, pede o seu café e logo em seguida, poêm-se á procura do belo do jornal, passo a publicidade, o belo do "Correio da Manhã". O engraçado é que se não encontra o desgraçado, fica ansiosa, frustada, irritada...e com comichões.
Se alguém está com o jornal, apressa-se a dizer:
- "Oh vizinho, deixe-me ver o jornal só por um minuto, que eu só quero dar uma vista de olhos pela parte da necrologia."

-ALTO- Parei, talvez com ternura, talvez vomitada. (Só quer ver a necrologia?)
Bem se ainda dissesse, ah e tal...ando á procura de emprego e preciso de ver o jornal, ou de comprar uma casa, ou de ver a bolsa, ou até mesmo as linhas eróticas ou astrológicas do Sr Carvalho, ou Tutano, épa...é compreensível, uma pessoa tem que evoluir, tem que se cultivar...
Agora o obituário? É que só pega no raio do jornal para ver isto.
Algumas são as razões que tenho apontado para este facto, aparente as mais normais serão:
- verificar se morreu:
  1. algum amigo
  2. vizinho
  3. conhecido
  4. familiar ( e agora sim, em busca da herânça...)
  5. sadismo
  6. gosta de ir a funerais
  7. ou porque, anseia por encontrar o "Amor da Sua Morte"

Pois como as coisas estão, encontrar o Amor das nossas vidas parece uma tarefa, algo complicada.

Questão final_ Será que os bichos sabem o que é o AMOR?